ÉTICA CRISTÃ PENA DE MORTE E EUTANÁSIA
“Em princípio não existe argumento bíblico contra a pena de morte, pois a ‘espada’ foi confiada ao governante, e o sistema mosaico adotava a pena capital em pelo menos dez tipos de crimes”. Crimes violentos, sexuais e barbárie.
Mas, ao aplicar-se o mesmo princípio, não se encontra precedente bíblico em favor da pena capital como hoje se adota, pois o precedente bíblico condenava à morte não só o homicida, mas também o adúltero e o que amaldiçoasse pai e mãe.
Lembremo-nos de como Jesus tratou a mulher apanhada em adultério (Jo 8.3-11). Não se pode argumentar que na antiguidade não existiam as penas alternativas. Além da verdadeira restituição, o código mosaico previa o açoite e o exílio (…).
A lei, os profetas e o Evangelho trabalham juntos para vencer o mal e fazer brotar a fome e sede de justiça, que o reino de Cristo saciará. Assim também acontece em relação à pena capital.
Em casos extremos ela pode ser moralmente permitida — mas não é um ideal. A lei de talião permite castigo proporcional ao crime de tirar a vida de alguém.
Mas é possível perder-se o direito de viver, sem receber a pena de morte, e o amor sempre buscará um castigo remidor.
De igual modo, no atual sistema de leis onde existem tantas injustiças com as minorias e os pobres, o acesso aos recursos legais, por exemplo, ainda é negado a muitos. Reflitamos, portanto, se a pena de morte é justa. Devemos sempre buscar justiça, sim, mas uma justiça temperada de amor” (Ética: As Decisões Morais à Luz da Bíblia. CPAD, pp.114,115).
EUTANÁSIA
Esse é um assunto muito difícil. Há dois lados que são difíceis de se equilibrar. De um lado, não queremos tomar a vida de uma pessoa em nossas próprias mãos e a ela dar um fim de forma prematura – eutanásia. Por outro lado, em que ponto simplesmente deixamos uma pessoa morrer, e não mais agimos para tentar preservar a sua vida?
E a eutanásia? A verdade decisiva que leva à conclusão de que Deus é contra à eutanásia é a Sua soberania. Sabemos que a morte física é inevitável (Salmos 89:48; Hebreus 9:27). No entanto, só Deus é soberano sobre quando e como a morte de uma pessoa acontece. Jó testifica em Jó 30:23: “Porque eu sei que me levarás à morte e à casa do ajuntamento determinada a todos os viventes”. Em Salmos 68:20, lemos: “O nosso Deus é o Deus da salvação; e a DEUS, o Senhor, pertencem os livramentos da morte”. Eclesiastes 8:8a declara: “Nenhum homem há que tenha domínio sobre o espírito, para o reter; nem tampouco tem ele poder sobre o dia da morte”. Deus tem a palavra final sobre a morte (veja também 1 Coríntios 15:26, 54-56; Hebreus 2:9, 14-15; Apocalipse 21:4). Eutanásia é uma tentativa do homem de usurpar essa autoridade de Deus.
A morte é uma ocorrência natural. Às vezes Deus permite que uma pessoa sofra por muito tempo antes que sua morte ocorra; outras vezes, o sofrimento da pessoa é encurtado. Ninguém gosta de sofrimento, mas isso não faz com que seja correto determinar que uma
pessoa está pronta para morrer. Muitas vezes os propósitos de Deus são revelados através do sofrimento de uma pessoa. “No dia da prosperidade goza do bem, mas no dia da adversidade considera; porque também Deus fez a este em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele” (Eclesiastes 7:14). Romanos 5:3 ensina que as tribulações produzem perseverança. Deus se importa com aqueles que estão clamando que a morte venha dar um fim ao seu sofrimento. Deus dá propósito à vida até o seu fim. Só Deus sabe o que é melhor, e Sua hora, até mesmo para a morte, é perfeita.
Ao mesmo tempo, a Bíblia não nos comanda a fazer tudo o que podemos para manter uma pessoa viva. Se uma pessoa está sobrevivendo apenas com a ajuda de máquinas, não é imoral desligá-las e deixar a pessoa morrer. Se uma pessoa tem estado em estado vegetativo persistente por um período prolongado, não seria uma ofensa a Deus remover quaisquer tubos / máquinas que estão mantendo aquela pessoa viva. Se Deus quiser manter aquela pessoa viva, Ele é completamente capaz de fazer isso sem qualquer ajuda de tubos de alimentação e/ou máquinas.
Fazer uma decisão dessas é muito difícil e doloroso. Nunca é fácil dizer ao médico para suspender o suporte de vida de uma pessoa querida. Não devemos nunca tentar dar um fim a uma vida de forma prematura, mas ao mesmo tempo, não temos que alongar a vida de uma pessoa o tanto quanto possível, a qualquer custo. O melhor conselho para alguém que está enfrentando essa decisão é de orar a Deus por sabedoria (Tiago 1:5) em relação ao que Ele quer que você faça.