IGREJA LOCAL
A expressão "igreja local" não é encontrada nas Escrituras, mas veio a ter largo uso de modo a distinguir os diferentes significados da palavra igreja (do grego, ekklesia) como aparece no Novo Testamento.
Os escritores do Novo Testamento tomaram uma palavra usada no mundo grego para descrever um ajuntamento de cidadãos convocados a se reunirem para fazer o negócio do Estado e aplicada a pessoas convocadas por Deus para fazerem o negócio do céu. A ideia de um povo "convocado" ou "chamado para fora" servia perfeitamente ao conceito bíblico de um povo a quem Deus "chamou das trevas, para a sua maravilhosa luz" (1 Pedro 2:9).
O uso mais adequado da palavra igreja em nossa Bíblia tem referência com todos os que responderam ao chamado do evangelho (2 Tessalonicenses 2:14) e entraram numa nova relação com Deus. O movimento que eles fizeram não é espacial, mas espiritual. Eles, pela fé, deixaram o mundo de valores tenebrosos e vieram para a luz do Filho de Deus (Colossenses 1:13). É neste sentido que Jesus fala da igreja em Mateus 16:18 e também Paulo em Atos 20:28 e Efésios 5:25.
É muito importante entender que o chamado de Deus é um chamado individual e pessoal. O povo chamado pode ser "de toda tribo, língua, povo e nação" (Apocalipse 5:9) mas não vem a Cristo em grupos. A escolha de deixar as trevas e caminhar na luz é muito pessoal. Temos que chegar ao Senhor individualmente. Não há ninguém mais que seja parte do pacto que fazemos com ele. Se nenhuma outra alma na terra reconhecer Jesus Cristo como Senhor, nosso compromisso com ele permanece o mesmo.
Isto então é onde a igreja de Deus (o povo convocado que pertence a Deus) começa, com o compromisso pessoal de indivíduos por toda a parte que respondem em fé ao chamado de Deus no evangelho (Efésios 1:13). Assim, eles foram chamados no Pentecostes, quando o evangelho foi pregado inicialmente, um por um, arrependendo-se de seus pecados e sendo batizados em nome de Jesus para a remissão dos mesmos (Atos 2:38,41). E assim sempre foi, desde então, um por um, comprometendo-se com Cristo e sendo chamados "cristãos" segundo aquele que é o centro de suas vidas (Atos 11:20-26).
Esta grande família de todo o povo de Deus nunca está destinada nesta vida a ser reunida em um lugar ou a conhecer uns aos outros como um todo, mas todos foram "batizados em um corpo" (1 Coríntios 12:13). Eles são a "universal assembléia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus" (Hebreus 12:22-23). Para este corpo universal de crentes não há sede terrestre (Colossenses 1:18) para arrastá-los para entidades nacionais ou internacionais para que possam funcionar como uma unidade. No entanto, eles eram e são filhos do mesmo Pai, irmãos e irmãs em Cristo.
Quase tudo que fazemos no serviço do Senhor será feito como discípulos individuais na busca da vida diária, onde cumprimos nossas obrigações para com nossas famílias (Efésios 5:22 - 6:4), para com nossos empregadores (6:6-9), para com o governo (1 Pedro 2:13-17), para com nossos inimigos (Mateus 5:43-48; Romanos 12:17-21), para com os pobres (Efésios 4:28; Tiago 1:27) e especialmente para com os homens e mulheres ainda perdidos (Mateus 28:19-20; Atos 8:4). Tudo isto será liberalmente "aspergido" com oração particular (Filipenses 4:6-7), estudo bíblico (Colossenses 3:16), e, em determinada ocasião, cânticos espirituais (Tiago 5:13).
Contudo, vitais como os deveres individuais em Cristo são, há algumas coisas que o Senhor espera que seu povo cumpra junto com outros cristãos. É este "junto", ou trabalho de equipe, que se expressa nas igrejas locais S grupos de discípulos que funcionam juntos em lugares particulares (1 Coríntios 1:2; 11:16; Romanos 16:16; 1 Tessalonicenses 1:1; Apocalipse 1:4). Diferente do corpo universal de crentes que não tem organização, estas igrejas locais são organizadas para o propósito de ação coletiva. Elas são associações voluntárias de discípulos formadas por acordo mútuo (Atos 9:26-28) que têm uma direção comum (Atos 14:23; 20:28), um tesouro comum (1 Coríntios 16:1-2; Atos 4:34-35) e trabalho divinamente ordenado para fazer (Atos 2:42; 20:7; Hebreus 10:24-25; Efésios 5:19; Atos 4:34-38; 1 Coríntios 16:1-2; Filipenses 4:15-16). Estas assembleias locais têm obra importante a cumprir na educação dos novos discípulos para uma espiritualidade madura e serviço frutífero (Efésios 4:11-13), mas nunca foram pensadas para serem o instrumento coordenador pelo qual todos, ou a maioria dos deveres do povo de Deus, são atendidos. Paulo adverte Timóteo contra este conceito errado quando se tratasse do problema das viúvas necessitadas entre os santos: "Se alguma crente tem viúvas em sua família, socorra-as, e não fique sobrecarregada a igreja, para que esta possa socorrer as que são verdadeiramente viúvas" (1 Timóteo 5:16). É uma das tristezas de nosso tempo que igrejas locais tenham se tornado centros políticos, sociais e recreativos e, por isso, despojadas de seu poder para trazer força espiritual e para educar os santos.
Mas como distinguirmos entre a obra das igrejas locais e a obra dos cristãos individuais? Isto não é difícil quando procuramos indicação clara nas Escrituras para que a obra a ser feita seja feita coletivamente. Como membros do grande corpo dos redimidos, glorificamos a Deus em tudo o que fazemos como discípulos individuais (Efésios 3:21) e no trabalho que fazemos juntos nas igrejas locais.