Estudo de Cristo Jesus
A cristologia é uma parte da teologia cristã que estuda Jesus. Ela se ocupa de diversos aspectos, dentre os quais poderíamos sublinhar sobretudo: a sua natureza, se divina, humana ou as duas; o seu papel na redenção humana; a relação entre Ele, o Pai e o Espírito Santo.
Nos primeiros séculos da igreja esse argumento foi muito debatido. Nessa época os Concílios Ecuménicos tiveram que lidar com diversas heresias, como o arianismo, que não acreditava que o Deus-Pai e o Deus-Filho tivessem a mesma natureza. As principais definições desta época estão sintetizadas no “Símbolo Niceno-Constantinopolitano”, que é o creio onde são afirmadas a unicidade de Deus, a natureza humana e divina de Jesus e a trindade divina (implicitamente).
Na América Latina se desenvolveu a “cristologia da libertação”, que, na expressão do teólogo Joni Sobrinho, seu representante mais significativo, busca recuperar a espessura teológica e o significado revelador da vida terrena de Jesus com o objectivo de recriar sua prática, hoje, para prosseguir sua causa.
Não há questão mais importante do que a que Jesus fez a seus discípulos (Mt 16.15): “Quem dizeis que eu sou?” Nenhuma questão foi mais intensamente debatida, completa e parcialmente mal entendida, ignorada com grande risco e respondida correctamente com grande benefício do que essa. A resposta correta para essa pergunta é, em alguns aspectos, simples o bastante para salvar uma criança, mas também complexa o bastante para manter os teólogos ocupados por toda a eternidade. Se a vida eterna é conhecer a Jesus Cristo (Jo 17.3), então não podemos nos dar ao luxo de sermos ignorantes sobre aquele que é “o mais distinguido entre dez mil” (Ct 5.10).
Pedro confessou Jesus como o “Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). João falou de Jesus como “o Verbo” que se fez carne (Jo 1.14). Paulo descreve Jesus não só como “a imagem do Deus invisível, o primogénito de toda a criação” (Cl 1.15), mas também como “Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5). Da mesma forma, o autor de Hebreus identifica Jesus tanto como “o resplendor da glória” (Hb 1.3) de Deus quanto como aquele que participou de carne e sangue (2.14). Depois de tocar em Cristo, Tomé honoravelmente confessou Jesus como seu “Senhor” e seu “Deus” (Jo 20.28). No Antigo Testamento, Isaías teve uma visão de Cristo em que o chama de “o Rei, o Senhor dos Exércitos” (Jo 12.41; ver Is 6.5), mas também chamou este Rei de servo do Senhor, que não tinha “nenhuma beleza que nos agradasse” (Is 53.2).
Jesus também tinha muito a dizer sobre si mesmo. No evangelho de João, lugar das conhecidas afirmações “Eu sou”, ele refere-se a si mesmo como o “pão da vida” (Jo 6.48), “a luz do mundo” (8.12), “a porta” (10.9), “o bom pastor” (10.11), “a ressurreição e a vida”(11.25), “o caminho, e a verdade, e a vida”(14.6) e “a videira verdadeira” (15.1).
Em outras passagens, Jesus é chamado de mestre (Mc 1.27), profeta (Mt 21.11), filho de Davi (9.27), servo (12.18), Filho do Homem (12.8), Senhor (14.30), Cordeiro de Deus (Jo 1.36), Santo de Deus (6.69), o Princípio (Cl 1.18), sumo sacerdote (Hb 5.1-10), aquele que vive (Ap 1.18), Libertador (Rm 11.26) e a brilhante Estrela da manhã (Ap 22.16).
A essa impressionante variedade de nomes e descrições bíblicas poderiam ser acrescentadas muitas outras; na verdade, muito mais do que podemos pensar ou imaginar. Contudo, essas declarações múltiplas da pessoa de Cristo nem sempre são de fácil compreensão. Na verdade, a igreja primitiva batalhou duramente antes de chegar a uma descrição concisa e precisa da pessoa de Cristo, no Concílio de Calcedônia (451 d.C.).