EBD - Escola Bíblica Dominical

Lição 4

O Drama de Jó

A provação de Jó fez com que sua vida se tornasse um verdadeiro drama. Nem mesmo os mais aclamados cineastas seriam capazes de dramatizar algo semelhante.

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A provação de Jó fez com que sua vida se tornasse um verdadeiro drama. Nem mesmo os mais aclamados cineastas seriam capazes de dramatizar algo semelhante. Da condição de homem mais rico e admirado do Oriente, ele tornou-se, não apenas um pobre moribundo, mas, na visão de seus amigos, “um pecador revoltado e arrogante”.

De uma vida abastada, piedosa e fraternalmente estruturada, Jó mergulhou em um mar de calamidades. De repente tudo se desmoronou. Os rebanhos foram roubados e dizimados; os empregados foram assassinados e, outros, mortos em desastres aparentemente naturais; os filhos, seu bem mais precioso, morreram. Cenas difíceis de esquecer! Refletir sobre como Jó reagiu a tudo isso é o objetivo dessa lição.

PONTO CENTRAL

O sofrimento se abate sobre o justo.

I – TRAGÉDIA DE NATUREZA ECONÔMICA

  1. O sucesso na esfera comercial.

O autor sagrado já havia sublinhado que Jó era “maior de todos os do Oriente” (Jó 1.3). O respeito, a admiração, a riqueza e a prosperidade do homem de Uz contribuíram para a construção dessa imagem. O autor já havia destacado a riqueza e a prosperidade de Jó, medidas pela grande quantidade de animais e servos a serviço dele. O comércio e a atividade do campo eram suas principais atividades. Devido à sua grande riqueza, não são poucos os autores que igualam Jó a grandes industriais e empresários contemporâneos. Enquanto as ovelhas proporcionavam lã para a produção têxtil, por outro lado os camelos e jumentas estavam a serviço do transporte de cargas. Dessa forma, Jó se destacava no Oriente como um homem de negócios.

  1. O sucesso na esfera do campo.

A atividade do campo era, sem dúvida, o principal negócio de Jó. O fato de que ele tinha tantas juntas de bois a seu serviço demonstra que ele era um agricultor que possuía uma grande extensão de terras, e não um nômade como alguns autores supõem. Estudiosos destacam o fato de que a palavra hebraica ‘abuddah, encontrada somente em Jó e em Gênesis 26.14, é uma referência direta à lavoura e ao cultivo da terra. Os bois, e da mesma forma as ovelhas, ofereciam a proteína animal. As ovelhas, juntamente com as jumentas, alimentavam a produção de laticínios. Isso fazia de Jó um verdadeiro empreendedor no sentido moderno do termo.

  1. O ataque do Diabo na esfera comercial.

Satanás atingiu o centro das atividades comerciais do patriarca. O Adversário procurou retirar aquilo que, graças ao trabalho duro, Jó havia conquistado. Assim, destruiu os animais e o pessoal a serviço dele, desestabilizando-o financeiramente. Seu negócio foi a bancarrota. Sem animais de carga, o transporte estava prejudicado.

  1. O ataque do Diabo na esfera do campo.

Da mesma forma que atingiu os negócios de Jó na esfera comercial, Satanás o atingiu também na esfera do campo. Destruindo a sua fonte de produção de proteínas e laticínios, o Diabo atingiu em cheio toda a fonte de sua riqueza. Era preciso muito equilíbrio para não se desesperar diante de um quadro tão sombrio.

Aqui é necessário fazer uma ponderação. Evidentemente que nem sempre o empreendimento de alguém quebra por investidura de uma ação maligna direta; muitas vezes é apenas um mau gerenciamento ou até mesmo consequência de uma crise de mercado. Todavia, no caso de Jó, foi uma ação maligna e em muitos casos hoje também o é.

II – TRAGÉDIA DE NATUREZA FAMILIAR

  1. Filhos.

A tragédia que se abateu sobre Jó foi de fato catastrófica. Ele perdeu em um só dia seus dez filhos de forma calamitosa – sete filhos e três filhas. O texto sagrado diz: “Estando teus filhos e tuas filhas comendo e bebendo vinho, em casa de seu irmão primogênito, eis que um grande vento sobreveio dalém do deserto, e deu nos quatro cantos da casa, a qual caiu sobre os jovens, e morreram” (vv.18,19). Não haveria nada mais trágico do que esse acontecimento. Perder um filho é calamitoso, mas perder todos de forma inexplicável é nefasto.

A exemplo de Jó, o crente deve se refugiar em Deus. É preciso que a família abra a Bíblia em casa e busque o Senhor em estudo e devoção.

  1. Esposa.

A frase “Amaldiçoa a Deus e morre” (Jó 2.9), atribuída à esposa de Jó, é uma das mais chocantes do livro. Talvez por isso seja objeto de várias explicações. Muitos autores tentam suavizá-la quando a interpretam como sendo uma ironia feita pela esposa de Jó. Nesse caso ela, de fato, estaria dizendo: “Você continua aí com essa sua fé enquanto tudo desmorona à sua volta. Por que tudo isso? Deixe de lutar por isso e aceite a morte”.

Outros procuram atribuir um sentido ao texto o qual ele não tem. Para estes, a esposa de Jó não estava mandando amaldiçoar a Deus, mas orientando Jó a louvá-lo e morrer em paz. No entanto, as evidências do texto depõem contra esse entendimento. A reação de Jó, ao dizer que sua esposa falava como qualquer louca, confirma esse fato.

  1. O fato.

Um vento forte soprou sobre a família de Jó, devastando-a. Ainda hoje, “fortes ventos” continuam a “soprar” em famílias inteiras. O resultado desses “ventos” é a degradação familiar, divórcios, drogas etc. A exemplo de Jó, o crente deve se refugiar em Deus. É preciso que a família abra a Bíblia em casa e busque o Senhor em estudo e devoção.

III – TRAGÉDIA DE NATUREZA FÍSICA E PSICOLÓGICA

  1. O Diabo toca na saúde de Jó.

Depois que o Diabo viu o seu plano fracassar, pois o patriarca não sucumbiu à tentação, mesmo diante da dizimação de seus bens e familiares, o Adversário agora tem a permissão divina para tocar na saúde de Jó. Essa nova prova é um drama muito distinto na literatura do Antigo Testamento. Ela dará a tônica ao restante do livro.

  1. Saúde física.

O texto sagrado diz que o Diabo “feriu a Jó de uma chaga maligna, desde a planta do pé até ao alto da cabeça.” (Jó 2.6,7). Tratava-se de uma doença extremamente maligna, capaz de provocar um grande sofrimento em Jó, a ponto de este sentar-se nas cinzas e pegar um caco de barro para com ele raspar as feridas. Essa era uma prática que o homem antigo adotava quando se via acometido de uma grande desgraça. Ele ia para o monte de cinzas (hb. mazbala), um local considerado imundo, onde os inválidos e dementes costumavam ficar. Ali ele esperava a morte entre cães, insetos e aves de rapina. Trágico!

  1. Saúde mental.

Não há dúvida que, além do sofrimento físico, Jó também experimentou o sofrimento psicológico. Embora não haja nada no texto que nos permita dizer que ele entrou em depressão, não há como negar que Jó passou por uma grande tensão psicológica. Há vários textos no corpo do livro que permite fazer essa dedução, mas já no início da sua fala é possível perceber esse fato (Jó 3.1-14). Ainda que mantivesse sua fidelidade a Deus, o patriarca amaldiçoou o dia de seu nascimento, não vendo mais razão para que fosse celebrado. Só debaixo de forte pressão psicológica é que pessoas chegam a tal ponto.

Nesta lição vimos o drama de Jó, que foi provado de uma forma dura no seu trabalho, família e saúde. Somente um homem com uma fé inabalável mantém sua lucidez diante de tantas catástrofes. Somente o Senhor pode manter o fiel de pé diante de calamidades dessa natureza. O Diabo chegou ao ponto máximo de pressão contra Jó, mas não conseguiu executar o seu intento. O patriarca permaneceu de pé diante da provação.

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