1- A virtude de Salomão.
Antes mesmo de receber a sabedoria como um dom divino, Salomão já apresentava alguns traços dessa virtude, pois ao ser inquirido por Deus quanto a qualquer pedido que quisesse lhe fazer (1 Rs 3.5), o grande rei escolhera a sabedoria, do que se depreende o quanto já era sábio. Ora, se fosse ganancioso pediria dinheiro, se fosse orgulhoso pediria glória, fosse vaidoso pediria muitos dias de vida, se fosse vingativo pediria a morte dos inimigos (1 Rs 3.11,13; 2 Cr 1.10). Mas, de que adiantariam todas essas coisas se lhe faltasse a sabedoria? Salomão teve um elevado senso de prioridade ao pedir a Deus a coisa certa.
2- O sábio pede sabedoria.
Ao pedir sabedoria, Salomão se mostrou um homem humilde, e isso pode ser constatado em uma das respostas que deu ao Senhor: “sou ainda menino pequeno, não sei como sair, nem como entrar” (1 Rs 3.7b). Significa que ele tinha plena consciência da grandeza de sua tarefa (1 Rs 3.8), não permitindo que a imponência do seu reinado lhe conduzisse à prepotência. Ao contrário, demonstrou profundo autoconhecimento, o que é peculiar a toda pessoa sábia.
3- A sabedoria na prática de vida.
Tiago escreveu em sua epístola que existe uma falsa sabedoria que se evidencia pela inveja e sentimento faccioso. Essa sabedoria não vem de Deus, mas é terrena, animal e diabólica (Tg 3.15). É fruto de ciúme, divisionismo, perturbação e obras perversas (Tg 3.16). No entanto, o apóstolo asseverou que se alguém não tem sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente (Tg 1.5). As características desta virtude que vem do alto são: a pureza, a pacificação, a prudência, a benevolência, a misericórdia, os bons frutos, a imparcialidade e a sinceridade (Tg 3.17).
1- A glória do reino de Salomão.
O reinado de Salomão não apenas se tornou amplo em termos territoriais, mas foi firmado e estabelecido em paz e justiça (1 Rs 4.24).
O povo de Judá e Israel tinha tanta fartura e vivia em tão boas condições que podia até festejar e se alegrar (1 Rs 4.20). Todos os governos, quando administrados sob essas premissas, se tornam duradouros trazendo ao povo paz e segurança (1 Rs 4.25a).
2- O orgulho precede a ruína.
Infelizmente, até mesmo os homens mais sábios estão sujeitos à queda quando deixam de temer a Deus e entram por caminhos tortuosos. Os desvios de Salomão foram chegando aos poucos, à medida que fazia pequenas concessões em seu coração e estabelecia acordos e conchavos políticos que deterioraram sorrateiramente seus valores espirituais (1 Rs 11.1,2). Salomão enganou a si mesmo pela ganância e pela sede de poder que deixou invadir seu coração. Todavia, é importante destacar que isso não aconteceu no início do seu reinado (1 Rs 11.4-6). Essa degradação de valores começou conforme Salomão permitia que pequenos desvios assumissem proporções gigantescas.
III - A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO
1- O nobre propósito de Salomão.
O propósito de Salomão na construção do Templo foi muito nobre: “edificar uma casa ao nome do Senhor, meu Deus” (1 Rs 5.5). Nisso se percebe que
havia pureza no coração do sábio rei de Israel nos primeiros anos de seu reinado. Na construção do Templo, foram empregados diversos materiais de altíssimo valor, tais como cedro do Líbano e muito ouro. Todo o Templo foi revestido de ouro. O Lugar Santíssimo teve as paredes, o teto e o piso revestidos de ouro puro (1 Rs 6.20-22). Salomão quis demonstrar seu imenso amor a Deus edificando-lhe uma morada de altíssima qualidade e excelência.
2- O templo do Espírito Santo.
Essa visão de Deus centrada no templo é uma forte característica do Antigo Testamento, mas com a redenção do homem, efetuada por Cristo na cruz do Calvário, a morada de Deus passa a ser o próprio homem regenerado. E é nesse lugar que deve haver riqueza e beleza, porque o Espírito de Deus habita nele (1 Co 6.19).
3- A glória do Senhor.
A glória do Senhor se manifestou no Templo, depois de pronto, em duas ocasiões especiais: a primeira foi quando os sacerdotes levaram a Arca para o Lugar Santíssimo. A glória foi tanta que eles não puderam permanecer de pé para ministrar os serviços sagrados (1 Rs 8.11; 2 Cr 5.14). A alegria e o temor da presença de Deus fizeram Salomão proferir uma das mais belas orações da Bíblia (1 Rs 8.22-53; 2 Cr 6.14-42), que reconhece a grandeza, o senhorio, o poder, a misericórdia e o amor de Deus sobre todas as coisas. A segunda ocasião que a glória do Senhor se manifestou foi quando Deus respondeu a Salomão na inauguração do Templo (2 Cr 7.1-3). Desta vez, além da glória, desceu também fogo do céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios.