O Apóstolo Paulo

Lição 9

Paulo e sua Dedicação aos Vocacionados

É muito significativo conscientizar-se de que o Reino de Deus é muito maior do que qualquer interesse humano. A obra de evangelização e discipulado não pode parar por falta de novos obreiros.

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I – ÉFESO, O PONTO DE APRENDIZADO DOS VOCACIONADOS

1- O ponto de partida.

Em lição anterior, vimos que Antioquia foi o lugar de desenvolvimento vocacional do apóstolo Paulo (At 13.1). Em Éfeso, o apóstolo permaneceu mais tempo e, por isso, dali surgiu um local estratégico para formar novos discípulos. Assim, preparar seus colaboradores vocacionados para atuar nas igrejas da Ásia era uma tarefa importante, pois o ministério de Paulo já estava mais independente dos apóstolos de Jerusalém, embora não perdesse a comunhão com a igreja mãe. Logo, sem uma boa preparação dos novos líderes, a obra de Deus não pode ser feita com eficácia. É preciso cuidar das novas vocações.

2- Paulo e o despertamento de novas vocações.

O ministério de Paulo tomou uma proporção muito ampla. Era um ministério internacional. Para levar as Boas-Novas aos centros culturais do mundo, ele não podia atuar sozinho. Por isso, o apóstolo arregimentou e investiu em pessoas que o auxiliassem a levar o Evangelho. Podemos citar nomes como os de Timóteo, Sópatro, Segundo, Trófimo (At 20.4), Tíquico (Ef 6.21,22; Cl 4.7; 2 Tm 4.12; Tt 3.12), Tito, Aristarco (Cl 4.10), Filemom, Gaio e tantos outros. Essas pessoas recebiam ensinos diretamente de Paulo, ou seja, o ministério do apóstolo despertava novas vocações.

3- Paulo, um mestre inspirado.

O apóstolo Paulo aproveitou a boa vontade de seus “filhos na fé” para o aprendizado no Evangelho. Nesse sentido, ele tornou-se um mestre inspirado para os que o ouviam (2 Co 2.12,13,17; 1 Co 4.17; 7.40; Gl 1.8,9), pois o apóstolo recebera revelações do próprio Senhor (Gl 1.12). Assim, Paulo reunia vocacionados para dar-lhes instruções de como pastorear a igreja local. Não por acaso, temos três epístolas paulinas denominadas de “cartas pastorais” (1 e 2 Timóteo, Tito). Ali, há instruções sobre como pastorear uma igreja, falar com diversas pessoas da igreja local, segundo suas faixas etárias. A constituição e a preparação de novos líderes era um cuidado constante do apóstolo. Esse deve ser o nosso cuidado também, pois a estabilidade ministerial da igreja local depende disso.

II – O LEGADO DOUTRINÁRIO DE PAULO PARA OS NOVOS LÍDERES

1- A advertência de Paulo a respeito dos judaizantes e dos gnósticos.

a) Quem eram os judaizantes? Durante o ministério de Paulo, muitos judeus acolheram a mensagem apostólica e tornaram-se cristãos, mas nem todos aceitavam a liberdade cristã dos gentios. Por isso, alguns deles torceram o ensino do apóstolo, afirmando que a salvação dos gentios dependia da observância da Lei Mosaica. Assim, exigiam que os gentios convertidos observassem a Lei, tais como alguns aspectos: a prática da circuncisão, a guarda do sábado judaico, a observância dos ritos que envolviam datas e comidas. Parecia que a graça de Deus não era mais suficiente. Contra isso, Paulo se levantou corajosamente (Gl 1.6-9). E o legado que ele nos deixou foi a defesa intransigente quanto à natureza graciosa da salvação. Disso, nenhum líder cristão pode abrir mão: a Salvação é por graça e não por mérito humano.

O apóstolo [...] preocupava-se em viver de maneira coerente com o que ensinava.

b) Quem eram os gnósticos?

Havia cristãos adeptos do gnosticismo. Eles acrescentavam elementos filosóficos à fé cristã que corrompiam a sã doutrina. Era uma filosofia prejudicial ao evangelho que Paulo ensinou. Os gnósticos se consideravam mais espirituais que os demais. Para eles, o espírito era mais importante que o corpo, e ensinavam que o corpo é matéria imprestável. Da implicação desse ensino resultava a banalização da graça de Deus. Uma graça que não requer arrependimento, santidade e disciplinas espirituais não é graça verdadeira. O apóstolo Paulo refuta esse falso evangelho, dizendo: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23). Seu legado para nós no século XXI: não banalize a maravilhosa graça de Deus.

2- O compromisso de Paulo com o Senhor (At 20.19).

O apóstolo não se preocupava apenas em lidar com os falsos ensinos que deturpavam a fé cristã. Ele preocupava-se em viver de maneira coerente com o que ensinava. Por isso, sua vida era sem ostentação, pois desejava refletir a humildade de Cristo (At 20.18). Em sua despedida dos obreiros de Éfeso, o apóstolo procurou deixar um testemunho de amor ao Senhor e à sua Igreja. Nesse sentido, aprendemos com Paulo que não podemos pensar numa coisa, desejar e executar outra. Agir assim é viver numa profunda incoerência e confusão espiritual. É preciso pregar os ensinos de Cristo e refleti-los tanto na vida privada quanto na pública.

III - PAULO APELA AOS LÍDERES

1- Sobre o desprendimento do obreiro para realizar a obra de Deus (At 20.24).

O apóstolo fala sobre o desapego material na vida do obreiro. O versículo 24 mostra que Paulo tinha o coração livre da avareza e da ganância. Sua vida mostra que o desprendimento das coisas materiais e plena dependência em Deus são características inegociáveis na vida do obreiro cristão. Não podemos nos perder ministerialmente por causa da avareza e da ganância. Lembremos do exemplo de Paulo que procurava não ser “pesado” às igrejas que pastoreava e visitava (2 Ts 3.8).

2- Sobre o cuidado pessoal do obreiro (At 20.28).

Paulo tinha uma liderança exemplar diante das pessoas, mas ele sabia que isso não bastava. Por isso, no versículo 28, ele diz: “Olhai, pois, por vós mesmos”. Assim, aconselhou os obreiros que olhassem para si mesmos. Às vezes na caminhada ministerial, tendemos passar a ideia de super-homens. Entretanto, a experiência nos ensina que não somos intocáveis pelas circunstâncias externas. É preciso cuidar do corpo, da alma e do espírito. Assim, antes de cuidar do rebanho de Deus, o obreiro deve zelar pela sua saúde física, emocional e espiritual. Portanto, devemos cuidar de nós mesmos para cuidar do povo de Deus.

3- Sobre a ameaça de “lobos cruéis” no rebanho de Deus (At 20.29,30).

A metáfora dos “lobos cruéis” se refere aos falsos mestres que incutiam doutrinas estranhas na mente dos incautos. Esses lobos eram predadores espirituais do rebanho de Deus, destituídos de misericórdia e amor. Nesse sentido, o apóstolo convoca os obreiros a terem o compromisso de cuidar de cada ovelha do rebanho, ensinando-a e protegendo-a. Portanto, estejamos atentos contra os predadores que atacam o rebanho do Senhor. Precisamos desempenhar, com fidelidade, o nosso papel de guardiões e protetores do rebanho de Deus.

A vida do apóstolo Paulo deixa um grande legado para os obreiros da atualidade. Sua maneira de despertar novas vocações, sua herança doutrinária para a nova geração de trabalhadores e seu apelo aos obreiros para cuidar do rebanho de Deus são marcos importantes para nortear os ministérios dos vocacionados de Deus. É tempo de desenvolver novas vocações

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