I – PAULO E O DISCIPULADO BÍBLICO
1- O discipulado bíblico.
O princípio do discipulado na Igreja Primitiva baseava-se na ordem da Grande Comissão que Jesus deu aos discípulos por ocasião de seu aparecimento e despedida (Mt 28.19,20). Após o Pentecostes, quando a Igreja nasceu historicamente, o cuidado com os recém-nascidos na fé precisava ser bem estruturado. Em Atos 2.42-47, vemos claramente que as Escrituras (doutrina), a oração, a prática da comunhão e do serviço faziam parte do programa de discipulado da Igreja. Assim, o apóstolo Paulo onde fazia discípulos, não somente convencia-os a respeito de Cristo, mas mostrava-lhes como imitá-lo (At 17.1-9; 1 Ts 1.2-10).
2- Paulo, o discipulador.
O apóstolo dos gentios foi um discipulador distinto. Após a sua conversão, ele sentiu a necessidade de conhecer a Cristo mais profundamente (Gl 1.15-17). Paulo sabia do desafio ao defender o nome de Jesus diante dos judeus. Ao longo de suas cartas, vemos um compromisso profundo com a doutrina exposta e a sua aplicabilidade na vida do discípulo. Há doutrina no discipulado, mas há também prática coerente com a doutrina. Isso faz com que o discípulo cresça e chegue à maturidade. Conhecer de maneira teórica apenas, não basta. Para isso, a formação cristã deve apresentar uma integração entre doutrina e prática.
A obra do discipulado envolve pessoas que sejam crentes de verdade, idôneas, que amem o Senhor e sua Igreja, ao ponto de se doar inteiramente em favor de um novo convertido.
3- A metodologia de Paulo para o discipulado.
O primeiro passo para o discipulado de Paulo era pregar o Evangelho e, pelo poder do Espírito Santo, convencer as pessoas acerca de Cristo. Então, a partir dos primeiros convertidos, ele plantava uma igreja na cidade. Ao plantá-la, o apóstolo ficava ali o tempo suficiente para firmar os passos dos novos convertidos. Como seu ministério envolvia itinerância, ele não ficava muito tempo no mesmo lugar e, logo, deixava ou enviava alguém experimentado na fé para dar continuidade ao discipulado dos novos convertidos (At 13.1-4; 15.39,40). Em seu ministério, vemos discípulos especiais que ajudaram muito o trabalho de Paulo: Timóteo, Tito, Silas, Lídia, Áquila e Priscila e outros mais (At 15.40; 16.1). Além de fortalecer a fé dos novos convertidos, o apóstolo mantinha uma relação de comunhão e amizade com eles e seus cooperadores. Uma lição importante, aqui, é destacar que a obra do discipulado envolve pessoas que sejam crentes de verdade, idôneas, que amem o Senhor e sua Igreja, ao ponto de se doar inteiramente em favor de um novo convertido.
II – O DISCIPULADO E A MISSÃO INTEGRAL DE PREGAR E ENSINAR
1- A pregação: o ponto de partida.
Pregar o Evangelho é o meio que o Espírito Santo leva pessoas à salvação. É preciso pregá-lo com seriedade, intensidade e ousadia. A Igreja de Cristo se expandiu assim. Ela tinha como ponto de partida a tarefa que Jesus deixou aos seus discípulos, como vimos anteriormente. Nada pode substituir a dimensão proclamatória da Igreja. Para isso, ela foi revestida do poder do Espírito Santo para cumprir a missão (At 1.4-8). Quando os discípulos foram cheios do Espírito Santo no cenáculo em Jerusalém, a igreja se espalhou por todo o mundo. Assim, os discípulos de Cristo plantaram igrejas nas casas, nas aldeias, nas cidades. E a Igreja se multiplicava dia após dia (At 2.47).
2- O Ensino: “fazer discípulos”.
O discipulado começa quando pessoas aceitam a Jesus como Salvador de suas vidas. Logo, a conversão a Cristo é a semente da Igreja. Quando cuidada pelos discipuladores, essa semente germina e dá frutos. Não foi assim que aconteceu no dia de Pentecostes? Pedro se levantou dentre as 120 pessoas cheias do Espírito Santo e começou a pregar com autoridade sobre quem era Jesus (At 2.14-35). Resultado: quase três mil pessoas se converteram (At 2.41). E agora? O que fazer? Ensinar, ensinar e ensinar. Os apóstolos entenderam que deviam discipular esses recém-convertidos com a doutrina que receberam de Cristo (At 2.42-47). Ao longo do seu ministério, o apóstolo observou rigorosamente esse princípio e o aplicava nas vidas das pessoas que ele alcançava.
3- Pregação e ensino.
A igreja local é um lugar onde a Palavra de Deus deve ser proclamada com autoridade, em que pessoas sejam atraídas pelo Espírito Santo a Cristo. Mas a igreja também é um local de formação por meio do ensino da Bíblia. Por isso que as reuniões de Escola Dominical e os cultos de ensino da Palavra são instrumentos importantes para forjar o caráter cristão e formar pessoas (crianças, adolescentes, jovens e adultos) que imitem a Cristo em suas vidas. Essa é uma das nobres missões da Igreja de Cristo.
III – O DISCIPULADO COM PESSOAS DE OUTRAS CULTURAS
1- A pregação para os seus irmãos.
No livro de Atos, percebemos que a pregação dos apóstolos era primeiramente direcionada aos judeus. Eles pregavam no Templo, nas sinagogas e os judeus recebiam a Palavra, outros, porém, a rejeitavam (3.1-10; 6.9; 7.51-53). Os apóstolos desejavam que seus irmãos recebessem a Palavra da Verdade. Entretanto, o desafio diante da Lei de Moisés com o fenômeno da conversão entre os gentios se revelaria complexo, conforme nos mostra a questão cultural entre os judeus hebreus e helênicos (At 6.1-6), o derramamento do Espírito na casa de Cornélio (At 10.44-48) e o concílio de Jerusalém (At 15). O Evangelho entre os gentios trouxe um grande desafio para a igreja que crescia.
2- A expansão para os gentios.
A Igreja não poderia fugir dos gentios, pois alcançá-los era promessa de Cristo registrada em Atos 1.8. Os apóstolos seriam testemunhas de Cristo não só em Jerusalém, mas passariam por Judeia e Samaria para chegar aos confins da terra. Por isso, nosso Senhor levantou um homem tenaz e valente, separado para ser “apóstolo dos gentios” (At 9.1-9; 26.14-18). O apóstolo Paulo discipulou pessoas oriundas de diversas culturas e costumes religiosos.
Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6).
3- O discipulado numa cultura diferente.
O ministério do apóstolo Paulo nos mostra que o discipulado é o melhor método para ensinar o Evangelho às pessoas que vêm de culturas diferentes, religiões diversas e costumes, na maioria das vezes, incompatíveis com o Evangelho. Com Paulo, aprendemos que à proporção que absorvemos o Evangelho, nossa forma de pensar é alterada para desejar as coisas mais nobres e fazer o que glorifica a Deus (Fp 4.8,9; Cl 3.2; 1 Co 10.31). Portanto, “não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6).