Leitura introdutória – A SUPERIORIDADE DE
JESUS EM TUDO
Muita gente evita a Epístola aos Hebreus e, em decorrência
disso, se priva das riquezas deste livro tão majestoso. Alguns evitam este
livro porque “ têm medo” dele. Outros o evitam porque o consideram “difícil
demais” para a pessoa comum que está estudando a Bíblia. Por certo, Hebreus
apresenta algumas verdades profundas, e nenhum pregador ou mestre ousaria
afirmar que conhecem todas as verdades deste livro.
1. É um livro de estimativas – O termo superior é usado
aproximadamente treze vezes nessa epístola. O autor mostra a superioridade de
Jesus Cristo e de sua salvação em relação ao sistema religioso hebraico. Cristo
é “superior aos anjos” ( Hb 1.4). Ele trouxe uma “esperança superior” ( Hb 7.19),
pois Ele é o Mediador de uma “superior aliança instituída com base em
superiores promessas” ( Hb 8.6). Cristo é superior a Moisés ( Hb 3.1). Ele é
superior a Arão ( Hb 4.14). Seu sacrifício é superior ( Hb 10).
Outro termo que aparece repetidamente ao longo do livro é
perfeito; no original grego, é usado por quatorze vezes. Significa uma posição
perfeita diante de Deus. Essa perfeição jamais poderia ser alcançada pelo
sacerdócio levítico ( Hb 7.11), pela lei ( Hb 7.19). Jesus Cristo entregou-se
como oferta única pelo pecado e, desse modo, “aperfeiçoou para sempre quantos
estão sendo santificados” ( Hb 10.14).
O adjetivo eterno é o terceiro termo importante para a
entendermos a epístola aos Hebreus. Cristo é o “Autor da salvação eterna” ( Hb
5.9). Por meio de sua morte, ele [obteve] eterna redenção ( Hb 9.12) e
compartilha conosco “a promessa de eterna herança” ( Hb 9.15). Seu trono é “
para todo sempre” ( Hb 1.8), e Ele é “sacerdote para sempre” ( Hb 5.6; 6.20;
7.17). Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje, e o será para sempre ( Hb 13.8).
Ao combinarmos essas três palavras importantes, descobrimos
que Jesus Cristo e a vida cristã que Ele oferece são superiores, pois essas
bênçãos são eternas e nos dão uma posição perfeita diante de Deus.
2. É um livro de exortação – O autor chama esta epístola de
“palavra de exortação” ( Hb 13.22). O termo grego traduzido por “exortação”
significa “encorajamento”. É traduzido por “consolação” em Rm 15.4. A epístola
aos Hebreus não foi escrita para assustar as pessoas, mas sim para
encorajá-las, e nos ordena: “ exortai-vos mutuamente cada dia” ( Hb 3.13). Ela
nos lembra que temos “forte alento” em Jesus Cristo ( Hb 6.18).
3. É um livro de exaltação – esta epístola exalta a pessoa e
a obra de nosso Senhor Jesus Cristo. Os três primeiros versículos apresentam
este tema santo e sublime desenvolvido ao longo de todo o livro. Seu propósito
imediato é provar que Jesus Cristo é superior aos profetas, homens tidos na
mais alta consideração pelo povo judeu.
Cristo é superior aos
profetas em sua Pessoa.
Em primeiro lugar, é o próprio Filho de Deus, não apenas um
homem chamado por Deus. O autor deixa claro que Jesus é Deus ( Hb 1.3), pois
sua descrição jamais poderia ser aplicada a um homem mortal. O “resplendor da
sua glória” refere-se a glória de Deus que habitava no tabernáculo e no templo
( ver Ex 40.34-38 e I Rs 8.10). Cristo é para o Pai aquilo que os raios
são para sol. Da mesma forma como não se pode separar os
raios do sol, também é impossível separar a glória de Cristo da natureza de
Deus.
Em segundo lugar, Cristo é superior aos profetas em suas
obras. Ele é o Criador do universo, pois por meio Dele, Deus fez o universo (
Hb 1.2). Cristo não apenas criou todas as coisas pela sua palavra ( Jo 1.1-5),
como também sustenta todas as coisas por meio dessa mesma palavra poderosa ( Hb
1.3). Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste ( Cl 1.17).
Em terceiro lugar, Cristo é superior aos profetas no tocante
ser a última Palavra de Deus. É fácil visualizar o contraste entre Cristo, o Profeta,
e os outros profetas. Cristo é o Filho de Deus. Os profetas foram homens
chamados por Deus. Cristo é a mensagem definitiva e completa. Os profetas
possuíam uma mensagem incompleta. É evidente que a revelação do A.T quanto do
N.T vieram de Deus; mas Jesus Cristo é a “última palavra” de Deus, no que se
refere a revelação. Cristo é a fonte, o centro e o fim de tudo o que Deus tem
para dizer.
Em quarto lugar, Ele governa como Rei ( Hb 1.3). Ele está
assentado, pois terminou seu trabalho e se encontra “à direita da majestade,
nas alturas”, o lugar de honra. Isso prova que ele é igual a Deus o Pai, pois
nenhum ser criado jamais poderia assentar-se à destra de Deus
Agora você deve estar se perguntando: O que significa a
expressão “ assentado a direita da majestade nas alturas”?
Em primeiro lugar, Jesus Cristo está descansando. Essa é uma
imagem extraída do nosso dia a dia, quando chegamos em casa, depois de um dia
de trabalho, sentamos e colocamos os pés para cima. Assim Jesus, “depois de ter
realizado a purificação dos pecados, se assentou” ( Hb 1.3). Os sacerdotes do
A.T exerciam seus deveres religiosos e ofereciam sacrifícios dia após dia,
semana após semana, mês após mês. Eles tinham que permanecer de em pé, pois não
havia assentos no tabernáculo, Jesus, porém, depois que ofereceu seu
sacrifício, se assentou. O fato de os sacerdotes permanecerem de pé simbolizava
que o ministério deles não era completo, enquanto que a postura de Jesus
sentado indica que sua obra foi concluída.
Em segundo lugar, Jesus Cristo está reinando. Ele está
assentado à direita de Deus, o lugar de suprema honra e poder no universo. A
partir dessa posição ele enviou o Espírito Santo no dia de Pentecoste e
continua enviando seu povo em missão. Toda autoridade no céu e na terra já foi
dada a Ele.
Em terceiro lugar, Jesus Cristo está esperando – “até que os
seus inimigos sejam colocados como estrado dos seus pés” ( Hb 10.13). Essas são
palavras do Sl 100.1, que Jesus aplicou a si mesmo. Nesse salmo, Iavé diz
acerca do Messias: “Assenta-te à minha direita até que eu faça dos teus
inimigos um estrado para os teus pés”. O salmo combina duas perspectivas: Ele
reina enquanto espera e espera enquanto reina.
Essa rica teologia inclui a ascensão e o período posterior,
no qual Jesus Cristo está descansando, reinando e esperando. Enquanto descansa,
Ele olha para trás, para o passado e declara que sua obra propiciatória foi
consumada na cruz. Enquanto reina, Ele supervisiona o presente e envia seu povo
em missão. Enquanto espera, ele antecipa o futuro, quando seus inimigos serão
finalmente subjugados e seu reino será estabelecido em toda a sua plenitude.