Entre a Páscoa e o Pentecostes
Como o Antigo Testamento nos fornece muitas sombras das
verdades reveladas no Novo Testamento, podemos enriquecer nosso entendimento
das grandes obras de Deus por meio do estudo das Escrituras dadas aos judeus
antes da vinda de Jesus. Uma comparação entre o livro de Êxodo (do Antigo
Testamento) e o livro de Atos (do Novo Testamento) aumenta nosso apreço pela
obra reveladora do Senhor.
O Dia conhecido no Novo Testamento como Pentecostes foi um
dia especial no calendário judaico. A palavra Pentecostes se refere ao
intervalo de 50 dias entre a Páscoa e a festa que os judeus chamavam de Shavuot
ou a Festa das Semanas (Levítico 23:15-21 explica a contagem de dias e a
maneira de celebrar essa festa). Foi um dia de comemorar a sega de trigo (Êxodo
34:22). Os judeus atribuíram um outro sentido ao dia que nos leva a refletir
mais sobre o significado dessa sombra do trabalho realizado pelo Senhor no Novo
Testamento. Para compreender esse segundo significado, precisamos observar alguns
detalhes da história da infância da nação de Israel.
Deus mandou fazer o sacrifício do cordeiro da Páscoa na
noite do dia 14 do primeiro mês do novo calendário dos hebreus (Êxodo 12:1-14).
O sangue do cordeiro posto acima e aos lados das portas foi o meio que Deus
mandou distinguir entre seu povo que desejava a salvação e os egípcios que
seriam punidos. Na mesma noite, Deus trouxe sobre o Egito a décima praga e
libertou os israelitas. Essa data marcou a salvação de Israel por meio do
sangue do cordeiro.
O evento paralelo, embora muito mais importante, no Novo
Testamento, foi a morte de Jesus na cruz. Além da coincidência proposital da
data, Cristo é descrito como Cordeiro (Apocalipse 5:6). João Batista
identificou Jesus como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João
1:29). Paulo disse que “Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado” (1
Coríntios 5:7). O sacrifício do cordeiro no Egito prefigurou a morte de Jesus
na cruz para cancelar nossos pecados.
Pentecostes veio 50 dias depois.
Voltemos à contagem de dias no livro de Êxodo. Onde estavam
os israelitas e o que estava acontecendo 50 dias depois da Páscoa? Começamos a
contar os dias com a Páscoa, no dia 14 do primeiro mês. O resto daquele mês
daria mais 16 dias, e o mês seguinte (o segundo no calendário) acrescentaria
mais 30 dias, para um total de 46. No dia seguinte, o primeiro dia do terceiro
mês, o povo de Israel chegou ao monte Sinai (Êxodo 19:1). Moisés subiu para
receber orientações de Deus. Ele mandou que o povo se purificasse, pois no
terceiro dia ele desceria sobre o monte Sinai para falar com o povo (19:10-11).
Com essa conta, podemos concluir que Deus encontrou os israelitas no monte
Sinai sete semanas (49 ou 50 dias) depois da primeira Páscoa. Por esse motivo,
os judeus chegaram a atribuir à Festa de Pentecostes o significado da revelação
da lei de Deus ao seu povo.
Deus desceu sobre o monte com trovões, relâmpagos, som de
trombeta, uma espessa nuvem, fogo, fumaça e terremoto! A voz do Senhor soava
como um trovão quando falou para o povo. Foi uma ocasião marcante e
extremamente importante. Deus comunicou a sua palavra para separar uma nação
santa. Ele revelou os termos da comunhão entre a congregação de Israel e seu
Deus. Encontramos o relato em Êxodo 19 e 20.
E o que aconteceu no dia de Pentecostes depois do sacrifício
do nosso Cordeiro pascal, Jesus Cristo? Com o som de um forte vento, o Espírito
Santo desceu sobre os apóstolos em Jerusalém. As palavras que ele revelou por
meio daqueles homens escolhidos mostraram para os ouvintes as condições da
comunhão com Deus. Por meio do evangelho pregado naquele dia, Deus separou uma
nação santa, a igreja do Senhor Jesus. As pessoas que se arrependeram e
receberam o batismo para a remissão dos pecados foram salvas e entraram em comunhão
com Deus (leia o registro desse dia importante em Atos 2). A mensagem que o
Senhor revelou no monte Sinai definiu a igreja do Antigo Testamento, o povo de
Israel. A mensagem revelada em Jerusalém no dia de Pentecostes definiu a igreja
do Novo Testamento
Pentecostes foi uma data marcante, tanto no Antigo
como no Novo Testamento