MINISTROS DO CULTO A DEUS
Geralmente, o conceito de levita é direcionado para quem
atua na área da música na igreja. Mas ao pesquisar a história bíblica é
possível perceber que a definição não se aplica apenas para essa atividade na
casa de Deus
Uma expressão que se tornou comum no meio evangélico é
classificar o músico ou ministro de louvor como levita da casa de Deus. Assim
como muitos outros termos que se popularizam sem a adequada base bíblica, o
ministério levítico é bem mais amplo. Os levitas descendem da Tribo de Levi.
Aqueles que vinham da família de Aarão eram sacerdotes, por determinação de
Deus, e os outros levitas tinham a função de cuidar do tabernáculo e depois do
templo em Jerusalém. Esse grupo era santificado e reconhecido, pois passava
navalha por todo o corpo. Era purificado com aspersão da água da purificação,
além de ter suas vestes lavadas.
Também se apresentava a Deus, em culto de adoração, todas as
manhãs e tardes. Os levitas não foram contados no recenseamento de Moisés. Só quando
Davi instituiu Salomão como rei de Israel houve essa inclusão. E ali havia 39
mil levitas com mais de 20 anos. Seu trabalho consistia em cuidar do ofício do
culto, dos sacrifícios e da prática da adoração no tabernáculo e depois no
templo, montar e desmontar as peças da Aliança, durante a peregrinação, além de
guardá-las (Nm1: 50-51). Cada família do clã tinha uma função específica, como:
transportar móveis, cuidar das cortinas e véus do templo e deixar tudo muito
limpo após os sacrifícios dentro do Tabernáculo.
Para terem dedicação total e dar conta de todo serviço, que
ainda incluía a preparação de pães e outras iguarias, os levitas moravam perto
do Tabernáculo e eram isentos de outros trabalhos (1 Cr 9:33). Números 4 fala
que começavam a trabalhar no Tabernáculo aos 30 anos; já no capítulo 8 citamse
25 anos, e no 23, 20 anos. O certo é que, aos 50, paravam de trabalhar, para
serem mentores. Davi escolheu 24 mil levitas para supervisionar a construção do
templo, 6 mil para serem oficiais e juízes, 4 mil como guardas e 4 mil para
louvarem. É aqui que alguns deles são separados para a adoração musical (Nm
23:3-4). Davi ordenou aos chefes da tribo para separar grupos de cantores e
instrumentistas (1 Cr. 15:16). Embora a música sempre estivesse presente na
vida do povo de Israel, tanto no Velho Testamento, como no Novo Testamento,
esta não tinha destaque nas celebrações religiosas.
Além das tarefas rotineiras, eles construíam instrumentos,
escreviam os cânticos e eram professores, como visto em Números 8. Os levitas
não tinham terras, não eram agricultores nem trabalhavam com madeira ou ferro.
Eles foram separados por Deus para o trabalho específico no Tabernáculo, logo
eram sustentados por meio de dízimos, conforme vemos em Ne 12: 47, 10:37 e Lv
27:30. Após a destruição do tempo de Jerusalém, por volta de 70 d.C. as funções
do clã passaram a ser as da sinagoga e coordenadas pelos fariseus.
No Novo Testamento há apenas duas menções de levitas: na
parábola do bom samaritano e em Barnabé, um levita. Houve uma ruptura cristã.
“Quando o véu se rasgou, na crucificação, compreendeu-se que Cristo passava a
ser o único Sumo Sacerdote, e o acesso ao Pai era livre de intermediários”. E
houve, também, expansão do Evangelho aos gentios, que possibilitou comunidades
cristãs dirigidas e frequentadas por não judeus. Com base em Nm 3, se fôssemos
aplicar hoje o princípio do ministério levítico, nas funções do culto, seria da
ornamentação e limpeza, passando pela música até a pregação. “A partir do
princípio protestante do sacerdócio universal, todo crente é um ‘levita’. É
possível, hoje, chamar o crente de levita se houver a compreensão correta de
que não é uma pessoa mais ‘espiritual’ ou que desempenha uma função única na
igreja, mas sim qualquer crente-ministro-sacerdote que serve a Deus e ao
próximo com alegria e amor”.
Os gersonitas eram encarregados de tarefas como: levar as
cortinas do tabernáculo e do pátio, a tenda da congregação, a coberta, o
reposteiro da porta da tenda da congregação e da porta do pátio que rodava o tabernáculo,
o altar, as cordas e todos os utensílios usados no seu serviço. Já os meraritas
eram encarregados das tábuas do tabernáculo, varais, colunas e suas bases,
estacas, cordas e todos os utensílios usados no serviço. E os coatitas pelo
cuidado das coisas santíssimas, mas não podiam tocá-las, só transportá-las. Os
filhos de Arão é que cobriam o que era usado dentro do tabernáculo. Embora o
levita tocasse e cantasse, segundo 1 Cr. 15.16 e 16.5, e 2 Cr. 5.12 e 29.25, só
estará, exclusivamente, envolvido em trabalhos musicais a partir da inauguração
do templo. a atitude de adoração demonstra uma entrega sacrificial, obediência
até as últimas consequências, fidelidade a Deus. “Levitas ou não, todas as
vezes que nossas atitudes são decididas com base no exposto acima, então
estamos adorando. “O ministério daquele que se sente um ‘vaso exclusivo’ está
fadado ao fracasso”. Ser adorador, segundo 1 Cr 25: 1, 6 a 8, é estar separado
para o serviço, entender o significado do ministrar, ser realmente um profeta,
ter aptidão dentro da sua vocação e chamado, ser submisso, disposição para se
aperfeiçoar, buscar instrução e a unidade, buscando fazer discípulos.
Se fôssemos aplicar o conceito de levita na atualidade,
essas atribuições são referentes a introdutores, mestres, porteiros e
tesoureiros. “Não precisamos imolar animais, como nos dias de Moisés, mas o
‘espírito da lei’ continua o mesmo: os adoradores devem se apresentar diante de
Deus em santidade, com sinceridade e fazendo ‘exatamente’ como Deus pede.
“O véu que separava o homem comum da presença de Deus foi
rasgado pela morte e ressurreição de Jesus e todos que se arrependem de seus
pecados, reconhecendo o sacrifício de Jesus, pelo perdão adentram livremente o
Santo dos Santos para adorar”. Os levitas de hoje são os que se apresentam
diante de Deus. “Uns estão no altar, outros tocando instrumentos ou cantando
para o Senhor, outros prestando qualquer outro serviço ou exercendo um
ministério na obra de Deus. “Deve-se ter cuidado em usar o conceito de levita
como status, isso é um perigo”