O Apóstolo Paulo

Lição 11

O Zelo do Apóstolo Paulo pela Sã Doutrina

Busquemos honrar a Bíblia e, ao mesmo tempo, ter a coragem de afirmar e reafirmar as gloriosas e antigas doutrinas das Sagradas Escrituras. Essas doutrinas edificam e sustentam a Igreja de Cristo ao longo dos tempos.

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I – ORTODOXIA VERSUS HETERODOXIA

1- Dois termos técnicos importantes.

Ortodoxia e heterodoxia são dois termos técnicos necessários à Teologia para compreender a distinção entre ensino correto e desvios quanto à doutrina bíblica. Esses termos nos ajudam a compreender a preocupação de Paulo com a invasão de heresias nas igrejas locais.

2- Conceito de ortodoxia.

Na língua grega do Novo Testamento, a palavra tem como prefixo orthos e significa “o que é direito, reto, certo” (1 Tm 4.1,2). Então, a definição técnica para a palavra “ortodoxia” diz respeito à “absoluta conformidade com um princípio ou doutrina”. Na Teologia Cristã, o termo refere-se ao modelo bíblico das “sãs palavras” (2 Tm 1.13). Logo, a Doutrina Cristã é ortodoxa enquanto for coerente com o que Cristo e os apóstolos ensinaram.

3- Conceito de heterodoxia.

O prefixo da palavra heteros significa “diverso”. Assim, heterodoxia nos remete à “opinião diferente; oposição aos padrões, normas ou dogmas estabelecidos”. Se a ortodoxia tem um só parecer, a heterodoxia implica várias opiniões a respeito de um mesmo objeto.

Para o apóstolo Paulo, a Igreja deve manter a unidade doutrinária da fé e combater com veemência as “doutrinas de demônios” (1 Tm 4.1). A Igreja deve ser, portanto, ortodoxa. Sua advertência é um antídoto para nós nos dias de hoje. Devemos, pois, fortalecer a unidade doutrinária em nossas igrejas.

II – A AMEAÇA DE CORRUPÇÃO DOUTRINÁRIA

1- A advertência do apóstolo.

Em 1 Timóteo, Paulo adverte acerca de “alguns que não ensinem outra doutrina” (1.3 – grifo nosso). Aqui a palavra para “outra” é heteros, diverso. Por isso, Paulo se refere a “outra doutrina” como a que nada tinha a ver com a genuína doutrina de Cristo. Esse zelo para preservar a “sã doutrina” trazia um contexto de homens sem escrúpulos que não respeitavam os ensinos apostólicos. O apóstolo os identifica como “lobos cruéis” vestidos de ovelhas que investiam contra o rebanho de Deus, não o perdoando (At 20.29,30).

A Igreja de Cristo pertence a um novo tempo e deve obedecer ao ensino do Novo Testamento.

2- Quais eram os problemas de ordem doutrinária?

As igrejas plantadas por Paulo e outros apóstolos, no primeiro século, sofreram com a infiltração de conceitos filosóficos pagãos e judaizantes na interpretação da doutrina apostólica. Nas igrejas como a de Corinto ou Éfeso, havia os que afirmavam crer no Evangelho, mas não renunciavam os costumes pagãos. Outros traziam uma bagagem religiosa do legalismo judaico, aliada ao gnosticismo (1 Co 1.12). É lamentável que, hoje, haja os que defendem a banalização da graça de Deus para, em nome dela, viverem em licenciosidade; e os judaizantes que confundem a liturgia cristã com a judaica, bem como a moral cristã com o legalismo judaico. A Igreja de Cristo pertence a um novo tempo e deve obedecer ao ensino do Novo Testamento.

3- Fábulas e genealogias intermináveis (1 Tm 1.4).

No tempo de Paulo, havia os mestres falsos que propagavam fábulas e lendas da vida judaica como “culto aos anjos” (Cl 2.18). Além de não possuírem conteúdo concreto, eles torciam o sentido da verdade apostólica. O apóstolo advertiu a Igreja quanto a essas coisas e as refutou com veemência (1 Tm 1.3,4). Aqui, aprendemos que não podemos perder tempo com que relas infrutíferas. O conhecimento das Escrituras não é para ostentar vaidade pessoal ou capacidade do intelecto, mas para nos fazer caminhar com o coração puro, uma boa consciência e uma fé não fingida (1 Tm 1.5).

III – A IGREJA COMO GUARDIÃ DA SÃ DOUTRINA

1- A Igreja é “coluna e firmeza da verdade”.

Em Timóteo, o apóstolo declarou que a Igreja sustenta a verdade (1 Tm 3.15). Por conseguinte, diante das falsas crenças, a Igreja é coluna e firmeza da sã doutrina. Ela é a demonstração viva e santa da verdade revelada nas Escrituras. Por isso, a Igreja mantém e defende a sã doutrina contra todo o erro, oposição intelectual, filosófica e religiosa dos falsos mestres. Não podemos descuidar desse nosso papel.

2- O objetivo do zelo pela sã doutrina.

Qual seria o objetivo de zelar pela sã doutrina? Preservar o amor de um coração puro e de uma fé não fingida (1 Tm 1.5). A finalidade da defesa da doutrina é o amor como prática sincera da fé em Cristo. O falso ensino e os falsos mestres geram contenda, dissensões e gangrenas na comunhão. Logo, não há cristianismo ortodoxo sem a prática do amor de um coração puro e de uma fé não fingida.

3- A primazia do amor.

O fim do mandamento é o amor (1 Tm 1.5). Em 1 Timóteo, o amor aparece como um freio, um instrumento de equilíbrio no combate às falsas doutrinas. Na epístola paulina, o combate nunca é contra pessoas, mas contra as ideias que elas representam. O zelo do apóstolo se dá justamente para impedir que o “espírito” dos falsos mestres se infiltrasse na Igreja. Nesse caso, o amor como fim do mandamento é o antídoto perfeito. Ora, o “amor de um coração puro” é um amor que procede de dentro para fora, não se tratando de mero sentimento. Nesse amor, o coração é santificado pelo Espírito Santo, gerando uma pureza interior; pois um coração sujo pelo pecado não pode agir amorosamente. Já um coração limpo diante de Deus recebe e vê as coisas espirituais com transparência. No amor não há lugar para imparcialidade, pois se cultiva uma “boa consciência”; nem lugar para a simulação, fingimento e hipocrisia, pois se cultiva uma “fé não fingida” (1 Tm 1.5).

A Bíblia, a Palavra de Deus, é a fonte genuína para a doutrina cristã. Por isso, precisamos ser dedicados estudantes das Sagradas Escrituras a fim de que zelemos pela sã doutrina. Levemos em conta que a finalidade dela é o amor para, em Cristo, vivermos com um coração puro e uma fé não fingida. A exemplo de Paulo, somos chamados para zelar pelo ensino de Cristo a fim de edificar a Igreja do Senhor.

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