Adoração,Santidade e serviço

Lição 4

A Função Social dos Sacerdotes

Apesar dos termos “sacerdote” e “levita” aparecerem centenas de vezes no AT e no NT, há muita divergência entre os estudiosos quanto à identidade, função e desenvolvimento dos indivíduos assim designados.

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SACERDOTES E LEVITAS

História, Funções e cumprimento neotestamentário

Apesar dos termos “sacerdote” e “levita” aparecerem centenas de vezes no AT e no NT, há muita divergência entre os estudiosos quanto à identidade, função e desenvolvimento dos indivíduos assim designados. Basicamente o assunto tem amplas consequências sobre a história, adoração e religião de Israel.

A palavra “sacerdote”, com e sem modificadores, aparece mais de 700 vezes no AT e mais de 80 vezes no NT. A palavra usual para sacerdote é kohen. Alguns acreditam que é possível que os sacerdotes do AT fossem, a princípio, adivinhadores (veja kâhin, “adivinhador” em árabe), mas admite que não há evidência no AT de condições extáticas por parte dos sacerdotes. Uma parte importante do ministério deles, porém, era a entrega de oráculos por meio da sorte (Urim e Tumim).

Em Deuteronômio, os sacerdotes são chamados “os sacerdotes levitas”, pois Moisés havia delegado direitos sacerdotais aos filhos de Levi (Êx 32.6ss.; Dt 33; Jr 33.17ss.). O sacerdote seria aquele que se coloca de pé perante Deus para ministrar.

Origens

Sacerdócio em geral. Nos países pagãos ao redor de Israel, como Egito e Babilônia, o sacerdócio estava intimamente relacionado à magia e superstição. Há muitos exemplos dos laços entre o sacerdócio e o ocultismo nas religiões antigas.

Sacerdócio semítico. Nessa área, estudiosos do assunto traçaram grande quantidade de paralelos da religião árabe em suas formas pagãs. Esse procedimento está de acordo com as leis, mas deve-se ter cuidado em se traçar paralelos com as condições em Israel. O sacerdócio em Israel leva em consideração outra dimensão no mundo religioso, o da revelação sobrenatural.

O sacerdócio de Israel (os levitas). O registro histórico coloca a origem do sacerdócio de Israel no período mosaico em conexão com o ministério no Tabernáculo, onde a arca era guardada, relaciona o sacerdócio com a família de Moisés e especificamente o conecta ao ofício sacerdotal a Arão e sua família (Êx 25-40).

O oficio do sacerdócio foi legado à tribo de Levi. Os levitas traçam sua origem a um ancestral comum (Gn 49). Deuteronômio 33.8-10 indica, de um modo geral, que os sacerdotes deveriam ministrar no altar, queimar os sacrifícios e ensinar a lei. Os levitas eram definidos como os descendentes de Levi (Gn 29.34). Ele era o terceiro filho de Jacó e Lia, e ancestral da tribo dos levitas. A maldição de Jacó sobre Levi (34.25ss.; 49.5ss.) transformou- se em bênção por meio de Moisés (Êx 32.29; Dt 33.8,9). Eles não receberam nenhuma herança tribal em Canaã. Havia três famílias: Gérson, Coate e Merari. Foi Coate quem proveu os verdadeiros sacerdotes. Os outros levitas ajudavam como seus auxiliares ao redor do santuário (Nm 3.5ss.). Quando Ezequias e Josias instituíram suas reformas (2Rs 18.4; 23.8s.), os levitas que estavam ministrando em outros santuários no país perderam suas posições. O sacerdócio ficou restrito aos descendentes de Arão.

Porém, alguns não levitas realizaram funções sacerdotais de vez em quando: o filho de Mica, um efraimita (Jz 17.5); os filhos de Davi (2Sm 8.18); Gideão (Jz 6.26) e Manoá de Dã (Jz 13.19).

Importância do sacerdócio levítico

Em Israel, o sacerdócio representava o relacionamento da nação com Deus. A intenção original da aliança mosaica era para que toda a nação fosse um reino de sacerdotes (Êx 19.6; cp. Lv 11.44ss.; Nm 15.40). A aliança de Deus era mediada por intermédio do sacerdócio. Na teologia bíblica, os conceitos de sacerdócio e aliança estão intimamente ligados. Por causa da aliança no Sinai, Israel deveria ser um “reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êx 19.5,6; cp. Is 61.6). O fato de Deus delegar funções sacerdotais a uma tribo não liberou o resto da nação de suas obrigações originais.

Os levitas serviam num caráter representativo em favor de toda a nação no que se referem a honra, privilégio e obrigação do sacerdócio. Quando os sacerdotes ministravam, eles o faziam como representantes do povo. Era uma necessidade prática que a obrigação corporativa do povo da aliança fosse levada a cabo por representantes sacerdotais. Além disso, os sacerdotes, em sua condição separada, simbolizavam a pureza e a santidade que Deus exigia. Eles eram um lembrete visível das justas exigências de Deus. Além do mais, como substitutos do povo eles mantiveram intacto do relacionamento de aliança da nação com Deus. A função primária do sacerdócio levítico, consequentemente, era manter, assegurar e restabelecer a santidade do povo escolhido de Deus(Êx 28.38;Lv 10.7;Nm 18.1). O sacerdócio mediava a aliança de Deus com Israel (Ml 2.4ss.; Nm 18.19; Jr 33.20-26).

No Israel antigo, uma função importante dos sacerdotes era revelar a vontade de Deus, por meio do éfode (ISm 23.6-12). Eles estavam constantemente ocupados com a instrução na lei (Ml 2). Certamente seus deveres sempre incluíam a oferta de sacrifícios. Os sacerdotes antigos eram guardiões do santuário e intérpretes dos oráculos (ISm 14.18). As instruções na lei pertenciam aos sacerdotes (Os 4.1-10). O sacerdote agia como juiz, uma consequência de suas respostas a questões legais (Êx 33.7-11).

Tríplice divisão da hierarquia

O sacerdócio era dividido em três grupos: (1) o sumo sacerdote, (2) os sacerdotes comuns e (3) os levitas. Todos os três descendiam de Levi. Todos os sacerdotes eram levitas, mas nem todos os levitas eram sacerdotes. A ordem mais baixa do sacerdócio era a dos levitas, que cuidavam do serviço do santuário. Eles tomaram o lugar dos primogênitos que pertenciam a Deus por direito (Êx 13.2,12,13; 22.29; 34.19,20; Lv 27.26; Nm 3.12,13,41,45; 8.14-17; 18.15; Dt 15.19). Os filhos de Arão, separados para o ofício especial de sacerdote, estavam acima dos levitas. Apenas eles podiam ministrar nos sacrifícios do altar. O nível mais elevado do sacerdócio era o sumo sacerdote. Ele representava fisicamente o cume da pureza do sacerdócio. Carregava os nomes de todas as tribos de Israel em seu peitoral para o interior do santuário, representando todo o povo perante Deus (Êx 28.29). Apenas ele podia entrar o santo dos santos e apenas um dia no ano, para fazer expiação pelos pecados de toda a nação.

Consagração de sacerdotes

As cerimônias ligadas com a consagração dos sacerdotes estão descritas em Êxodo 29 e Levítico 8. Elas incluíam um banho de consagração, unção, vestimenta e sacrifícios. A lavagem simbolizava a limpeza do coração para as obrigações ligadas à pureza da nação perante Deus. A unção (Lv 8.10,11) envolvia o derramar óleo na cabeça do sumo sacerdote e respingá-lo nas vestimentas dos outros sacerdotes (vv. 22-24). As vestimentas dos sacerdotes e especialmente a do sumo sacerdote eram caras e bonitas (Êx 28.3-5; Lv 8.7-9). Os sacrifícios de consagração incluíam a oferta pelo pecado (8.14-17), oferta queimada (vv. 18-21) uma oferta de consagração especial (vv. 22-32). O sangue do carneiro era aplicado na orelha, no dedo polegar e no dedo do pé direitos de Arão e de seus filhos, para simbolizar consagração física completa ao Senhor.

Conceito tradicional.

1. Observação geral. Provavelmente em nenhum outro campo de pesquisa do AT as conclusões da investigação crítica moderna estão em oposição tão marcante ao conceito tradicional quanto na questão dos sacerdotes e levitas. A abordagem de Wellhausen da religião do AT efetuou-se uma reconstrução radical da história do sacerdócio em Israel e da relação entre sacerdotes e levitas. Os estudiosos críticos, porém, estão longe de qualquer acordo. Exigem-se modificações de caráter radical na avaliação crítica. Antes do início do criticis- mo histórico do AT, o registro do sacerdócio no Pentateuco era aceito como uma história válida. O registro indica que o sacerdócio começou com Moisés, que era da tribo de Levi. Pela autoridade divina, Moisés consagrou seu irmão Arão e seus filhos para serem sacerdotes (Êx 28.1). Os rituais de consagração duraram uma semana (29.35,36; Lv 8.15-29,35). Após isso, Arão e seus filhos tomaram para si as obrigações sacrificiais (Lv 9). O sacerdócio era restrito à família de Arão e seus descendentes (Êx28.1,43;Nm 3.10). Aposição de Arão era única como sacerdote ungido (Êx 29.7), e ele utilizava túnicas especiais para o ofício (28.4; 6.39; Lv 8.7-9). Quando de sua morte, o ofício passaria a seu filho Eleazar (Nm 20.25-28). O sumo sacerdote estava no primeiro nível entre os sacerdotes, e sua morte marcava o fim de um ciclo ou era teocrática (Lv 21.10; Nm 35.28).

Pelo fato de Arão ser levita, o sacerdócio hebreu residia exclusivamente nos levitas. Todos os sacerdotes legítimos eram levitas. Após a introdução de Arão e seus filhos no sacerdócio, toda a tribo de Levi foi separada, como substituta dos primogênitos, para ministrar no serviço do santuário (Nm 3.5ss.). Os levitas consistiam de três grupos: gersonitas, coatitas e meraritas, com obrigações específicas para cada grupo (3.14-18). Quando Coré e seus seguidores se rebelaram contra a autoridade de Arão (Nm 16), eles foram destruídos e o sacerdócio de Arão foi confirmado de forma notável.

Aposição tradicional sobre o sacerdócio é simples. De acordo com esse conceito, os três níveis da hierarquia são o sumo sacerdote, os sacerdotes e os levitas. Eles se originaram com Moisés no deserto, e o sistema está em vigor em todo o período pós- exílico, estendendo-se, assim, por toda a história de Israel. Em resumo, todas as leis do Pentateuco vieram de Deus por meio de Moisés; o registro da história posterior dada em Crônicas é preciso; a visão de Ezequiel, se interpretada literalmente, não poderia ser reconciliada com os fatos conhecidos. Portanto, precisaria de uma explicação adicional e, nos casos de discrepâncias nos registros, as harmonizações deveriam ser aceitas.

2. Sacerdócio nos tempos pré-mosaicos. No período hebreu antigo, como na época anterior a Abraão (pré e pós-diluviana), não havia uma classe sacerdotal especial. O Pentateuco relaciona explicitamente o santuário, o sistema de sacrifício e a classe sacerdotal com a revelação divina por meio de Moisés. No período patriarcal, o cabeça de cada família exercia a função sacerdotal do sacrifício. Na verdade, o próprio Deus iniciou o conceito de sacerdócio por ocasião da queda de Adão (Gn 3.21). Sugeriu-se que a pergunta num oráculo (25.22) e a entrega de dízimos (28.22) implicavam em um santuário com um sacerdote no ofício, mas isto pode ser sobrecarregar os fatos com uma conclusão sem garantias.

Os únicos sacerdotes mencionados em Gênesis e Êxodo, antes da entrega da lei de Moisés, eram sacerdotes estrangeiros: Melquisedeque (Gn 14.18), os sacerdotes egípcios (41.45) e Jetro, o sacerdote midianita (Êx2.16; 3.1; 18.1). Referências gerais a sacerdotes antes da lei são encontradas em Êxodo 19.22,24, que parece sugerir sacerdócio anterior a Moisés. Além disso, Êxodo 32.25-29 indica que aos levitas foi dado o sacerdócio por sua fidelidade em cumprir a ira de Deus após o pecado do bezerro de ouro.

A princípio, o sacerdote estava preocupado com o sacrifício e com a instrução nos afazeres da vida. Em Deuteronômio 33, a função de ensinar do sacerdote é proeminente (v. 10). Era feita por meio do Urim e Tumim (v. 8) e pela referência ao código legal. Ele era professor e administrador da justiça e precedente legais (Dt 17.8-9; 21.5).

No período primitivo, o sacrifício não era a única ocupação de um sacerdote, e.g., Caim e Abel (Gn 4.4), Noé (8.20), Abraão (12.7,8), Isaque (26.25) e Jacó (35.3,7). Os chefes das famílias exerciam funções sacerdotais antes da construção do Templo (Jz 13.19; cp. Jó 1.5). O mesmo ocorria com um juiz (Jz 6.19ss.), um profeta (lRs 18.30ss.) e um rei (2Sm 6.17; lRs 8.22,54ss.). Parece que os sacerdotes estavam ligados a santuários específicos, onde transmitiam a vontade de Deus por meio de oráculos, e ofereciam sacrifícios (Jz 20.18,27; ISm 1.3ss.). Nessa época (pré-monárquica) o sacerdócio não era exclusivamente levítico (Jz 17.5,7-13). Na monarquia primitiva as referências mostram que sacerdotes não-levíticos estavam presentes ao lado da ordem levítica. Duas famílias levíticas existiam na época dos juízes: a de Dã, estabelecida por Jônatas, neto de Moisés (Jz 18.1-4,14-20,30) e ade Siló, ocupado por Eli e seus filhos, descendentes de Arão (1 Sm 1-4; 22.20; lRs 2.27). Provavelmente, alguns que não eram descentes levíticos foram unidos à tribo de Levi (Dt 33.8,9). O mesmo ocorreu com Samuel. Ele era um efraimita por nascimento (1 Sm 1.1 ss.), mas ministrou como sacerdote no santuário (1.27,28; 2.11,18; 3.1); assim, o cronista o considerou um levita (lCr 6.16-28).

3. Na era mosaica. Como dito anteriormente, o sistema sacerdotal completo começou com Moisés. Isso não quer dizer que as funções sacerdotais de sacrifícios e presentes a Deus estavam ausentes, porque os pais das famílias cuidavam desses assuntos importantes. Os livros do Pentateuco firmam o sacerdócio na tribo de Levi, na casa de Arão, por direção de Deus por meio de Moisés.

Arão e seus filhos foram consagrados para suas obrigações. Êxodo 28s. trata dos detalhes da consagração deles (Lv 8; 9). Os sacerdotes ministravam sobre o altar (Lv 1; 4), e ensinavam ao povo a lei do Senhor (Lv 10.11; Dt 24.8; 33.10; Os 4.1-6). Havia leis especiais para a conservação da sua pureza (Lv 21; 22). As provisões estavam principalmente relacionadas com a prevenção da contaminação, que os tomava inadequados para o serviço.

Uma parte do sacrifício era dada ao sacerdote como renda pela oferta do israelita, e a pele do animal morto era dele. Em Deuteronômio é declarado que no santuário o sacerdote participava em parte das primícias e do dízimo. Todo terceiro ano o dízimo deveria ser distribuído para o pobre, entre os quais os levitas foram listados (Dt 12.17-19; 14.22,29; 26.12). Foi estabelecido que um décimo da produção da terra deveria ir para os levitas, para sustento deles (Nm 18.21-24). As ofertas pelo pecado e pela transgressão pertenciam aos sacerdotes, juntamente com uma taxa anual de meio siclo por cada israelita, para o sustento do santuário. Um décimo dos dízimos recolhidos pelos levitas ia para os sacerdotes. Cidades com pastagens foram designadas aos levitas, e um determinado número dessas cidades designadas aos sacerdotes.

Aos levitas foram dados deveres adicionais, no lugar de suas obrigações de transporte, e eles foram as pessoas necessárias para implementar a legislação quando Israel foi espalhado pela terra de Canaã (Dt 18.6-8; 21.5; 24.8; 33.8).

4. De Moisés a Malaquias. A evidência de Ezequiel será adiada dessa discussão para um período posterior. O sacerdócio é designado como a herança dos levitas (Js 18.7). “Os sacerdotes e levitas” e “os sacerdotes” são expressões encontradas alternadamente no mesmo livro. Está claro que o caráter sagrado da tribo de Levi foi reconhecido em períodos pós-mosaicos primitivos. Eli foi ameaçado (ISm 2.27-36) de perder o sumo sacerdócio, que se cumpriu (lRs 2.27) quando Salomão substituiu Abiatar por Zadoque. Zadoque (lCr 6.8,53: 24.3; 27.17) era descendente de Arão por meio de Eleazar. Outros não tomam o cronista literalmente, e sustentam que Zadoque não provinha de Arão. Assim, a sucessão araônica foi terminada e transferida para uma família de levitas não araônica. 1 Samuel 2.27-36 informa sobre a organização do sacerdócio, mostrando que o sumo sacerdote tinha autoridade sobre vários ofícios sacerdotais, com remuneração e outros privilégios. Passagens nos livros de Reis revelam desenvolvimento na organização sacerdotal (2Rs 12.10; 19.2; 25.18; cp. Jr 20.1,2; 29.26).

5. De Davi ao exílio. Quando Davi fez da fortaleza jebusita sua capital, ele transferiu a arca da aliança para lá, fazendo dela um santuário real. Ele exerceu algumas funções sacerdotais (2Sm 6.17s.) e vestiu, numa determinada ocasião, a estola sacerdotal de linho (v. 14). Salomão ofereceu sacrifícios na dedicação do Templo (lRs 8.5,62ss.), e certas ofertas três vezes ao ano (9.25). Apesar de os sacerdotes não serem mencionados nestes períodos, a presença deles parece ser evidente. A relação dos reis do Reino do Norte com o santuário em Betel era análoga à dos reis de Judá com o Templo em Jerusalém. Em Jerusalém havia um grande quantidade de sacerdotes, dos quais uma era designado como estando em primeiro lugar, o sacerdote chefe ou o “chefe da guarda” e, e.g., Joiada (2Rs 11,9s.), Urias (16.1 Os.), Hilquias (22.10) e Seraías (25.18). “Chefe da guarda” é encontrado apenas em 2 Reis 25.18; Jeremias 52.24; Esdras 7.5; e Crônicas, e ocorre juntamente com “sumo sacerdote”. Sua influência em Jerusalém era considerável (Joiada e Atalia, 2Rs 8.26; 12.2; 2Cr 22.2).

Há uma referência feita a um Sofonias, juntamente com o sacerdote chefe Seraías, como literalmente “sacerdote da repetição”, provavelmente o representante ou o segundo em posição em relação ao chefe da guarda (2Rs 23.4; 25.18). Os guardas do limiar (25.18), cuja posição era próxima à do sacerdote chefe e à do segundo sacerdote, devem ter sido mais elevados que os porteiros. Na época de Jóas (12.10), eles eram vistos como os guardas da entrada para o pátio interno do altar de oferta queimada. Eles também recolhiam as ofertas do povo para o Templo (22.4). O ofício sacerdotal deles era pré-exílico, porque não há menção disso em períodos posteriores.

Após o exílio, há referências feitas aos servidores do Templo, (“aqueles dados” Ed 2.54ss.), que foram dados por Davi e pelos príncipes para o ministério dos levitas ou do Templo (Ed 8.20). Os cantores e os porteiros do Templo pós-exílico eram descendentes dos que haviam servido na mesma posição no Templo pré-exílico (Ed 2.41s.; Ne 7.44s.).

As leis de Deuteronômio a favor dos levitas não foram completamente implementadas na reforma de Josias. Não há indicação de uma afluência em massa de levitas de fora de Jerusalém à cidade e da participação deles no ministério ali. Segundo Reis 23 faz uma tríplice distinção entre os sacerdotes que não eram de Jerusalém: os kemerím foram destituídos (v. 5), pois eram sacerdotes idólatras; os sacerdotes das cidades de Judá foram reunidos por Josias (v. 8); não era permitido aos sacerdotes dos lugares altos se aproximarem do altar em Jerusalém, mas lhes foi permitido permanecer onde residiam e obter ali seu sustento (v. 9).

Jeremias chamou seus parentes sacerdotes que estavam em Anatote (1.1). O livro de Jeremias não apresenta provas da existência de uma classe de levitas distinta da dos sacerdotes. Alguma organização de sacerdotes evidentemente existia, pois há referência aos anciãos dos sacerdotes (19.1), à posição do principal administrador do Templo (20.1; 29.25s.) e à guarda do limiar (35.4). Os sacerdotes parecem ser considerados como oficiais da corte (21.1; 29.25s.; 29; 37.23).

Durante esse tempo, o sacerdócio estava assentado em famílias. O sacerdócio de Dã durou até o fim do Reino do Norte, em 721 a.C. Quando os filisteus capturaram a arca (1 Sm 4.10,11), a casa de Eli provavelmente se mudou de Silo para Nobe, onde Saul os matou (21.1-9; 22.9-19). Abiatar escapou (22.20) e oficiou no reinado de Davi em Jerusalém com Zadoque (2Sm8.17; 15.24-29). Ele foi removido do oficio por Salomão, por ter apoiado Adonias (lRs 1.5-8; 2.26,27); Zadoque tomou seu lugar (2.35). A casa de sacerdotes zadoquitas permaneceu em Jerusalém até a destruição do Templo, em 586 a.C. (1 Cr 6.8). A descendência de Zadoque é traçada até o filho de Arão, Eleazar (lCr 6.3-12,50-53; 24.3). Durante a monarquia o sacerdócio não-levítico foi estabelecido por Jeroboão, filho de Nebate, no Reino do Norte (lRs 12.31; 12.33).

Três outras referências a sacerdotes, separadas da ordem levítica, são: (1) os filhos de Davi (2Sm 8.18); (2) Ira, o jairita, como sacerdote de Davi (2Sm 20.26); (3) e Zabude, filho de Natã, como sacerdote de Salomão (lRs 4.5). A dificuldade é que Zadoque e Abiatar, sacerdotes regulares, estavam ministrando também durante os reinados de Davi e Salomão. Acredita-se que esses homens eram amigos do rei, e que receberam o título de sacerdote como cortesia.

Durante a monarquia primitiva o rei tinha responsabilidades sacerdotais. Saul ofereceu uma oferta queimada e ofertas pacíficas em Gilgal durante a ausência de Samuel, sendo repreendido mais tarde (1Sm 13.8-13). Davi administrou a mudança da arca para Jerusalém (2Sm 6.12-19), vestiu a estola sacerdotal (v. 14), ofereceu sacrifícios (vv. 13,17) e abençoou o povo, em nome de Deus (v. 18). Na dedicação do Templo Salomão colocou-se perante o altar para oferecer a oração de dedicação; apresentou as ofertas (animal e cereal) e abençoou o povo (lRs 8.22-53,62,63,64; cp. 8.14ss.,54ss.), enquanto os sacerdotes e levitas traziam a arca e os vasos santos ao santo lugar (vv. 4,6ss.). Salomão apresentava ofertas queimadas, ofertas pacíficas e incenso três vezes ao ano (9.25). Jeroboão, filho de Nebate, ofereceu sacrifícios e incenso queimado (12.32,33). Acaz, no séc. 8 a.C., instruiu Urias, o sacerdote, a construir em Jerusalém uma cópia do altar em Damasco, mas ele mesmo ofereceu sacrifícios nele (2Rs 16.10-13). Evidentemente o rei era um rei-sacerdote, mediador entre Deus e Israel. O cronista, porém, viu a tentativa de Uzias de queimar incenso no Templo como uma violação dos direitos sacerdotais, de forma que o rei foi ferido com lepra, até morrer (2Cr 26.16-20).

Uma observação geral sobre esse período é que, com a multiplicação dos santuários e a formação dos sacerdotes por toda a terra em uma classe bem definida, sacerdotes e levitas se tomaram termos equivalentes. Suas tradições comuns de lei e ritual foram traçados, então, até Moisés (Dt 33.11). Embora dependentes da monarquia, eles gozaram de influência crescente (Joiada, 2Rs 11.4ss.).

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