I - O JULGAMENTO FINAL
1- O presidente do tribunal.
O Pai outorgou ao Filho todo o juízo a fim de que Ele tivesse todas as credenciais necessárias para presidir o Tribunal de Cristo (2 Co 5.10), o Juízo das Nações (Mt 25.31-46) e o Julgamento Final (At 17.31): “O Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo, para que todos honrem o Filho, como honram o Pai" (Jo 5 22,23).
As qualificações de Jesus Cristo dão-se por sua obediência e humilhação voluntária. Ele esvaziou-se de todo o privilégio da divindade, assumindo a forma humana, fazendo-se semelhante aos homens (Fp 2.7). Em decorrência de sua submissão ao Pai, Jesus foi exaltado soberanamente e restituído à sua posição apropriada. Deus o exaltou soberanamente e toda a Língua confessará e todo joelho se dobrará diante dEle (Fp 2.5-11). Esta, certamente, será uma cena do Juízo Final.
2- Os livros do julgamento.
A Bíblia faz referência a "Livros" no Juízo Final, os quais conterão, certamente, os registros das obras dos homens, e menciona, especificamente, o Livro da Vida (Ap 3.5; 13.8: 17.8; 20.12,15; 21.27; 22.19). O Espírito Santo, nos Salmos (56.8; 69.28; 139.16) revela também a existência de um Livro de Deus, onde estariam escritas as condutas dos homens. Da mesma forma o profeta Daniel (Dn 7. 9,10), como João (Ap 20.11.12) viu, no Juízo Final, Livros sendo abertos. Jesus, por sua vez, mencionou a importância de se ter o nome escrito nos céus (Lc 10.20).
Evidentemente Deus não precisaria de Livros para tomar nota de todos os fatos. Entretanto, a abertura dos livros evidencia a onisciência de Deus em relação a todos os atos praticados pelos homens, assim como o conhecimento do que há de mais profundo no pensamento e sentimento humanos. Aos Romanos, Paulo afirma que chegaria "um dia em que Deus julgaria os segredos dos homens, por Jesus Cristo" (Rm 2.16),
Semelhantemente, a abertura do Livro da Vida será a prova cabal para os que reclamarem da condenação no Juízo Final, pois "muitos dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, [...]. E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade" (Mt 7.22,23). O juízo divino não respeitará a "aparência de piedade". Por isso, devemos atentar para a manutenção de uma fé sincera e comprometida com a verdade. Em Apocalipse 21.7 o Senhor afirma: “Quem vencer herdará todas as coisas, e eu serei seu Deus, e ele será meu filho".
3- O destino dos condenados.
A condenação eterna não é apenas uma sentença decretada pelo Senhor no Juízo Final, mas acontece em decorrência de uma vida longe de Deus. O Senhor Jesus afirmou:"[...] quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigénito Filho de Deus" (Jo 3.18). No Juízo Final, como acontece no "Tribunal do Júri", o juiz — que preside a audiência — apenas aplica a pena. Assim, todos os réus daquele julgamento comparecerão condenados irremediavelmente. Naquele Dia, apenas conhecerão qual "recompensa" receberão por suas obras infrutíferas. O destino final, inevitavelmente, será a eternidade no Lago de Fogo (Ap 19.20: 20.10,14,15; 21.8).
Vale ressaltar que esse Lugar de tormento não foi feito para os homens, e sim "preparado para o Diabo e seus anjos" (Mt 25.41). Portanto, os ímpios não serão condenados a este Lugar por vontade divina, mas, por conta de suas escolhas pessoais. Afinal de contas, o Criador não tem prazer na morte do ímpio, mas que todos se convertam e vivam (Ez 33.11).
II - NOVOS CÉUS E NOVA TERRA
1- O fim do mundo.
O cataclisma final da existência é tratado no contexto bíblico tanto pelos profetas do Antigo Testamento quanto por Jesus e os apóstolos em o Novo Testamento. (Is 344; 51.6; Mt 13.39; 24.3.14; Mc 137.31:1 Co 15.24; 2 Pe 3.7,11.12; Ap 20.11). Embora o texto bíblico não mencione cronologicamente os eventos acerca do fim, é possível identificar nas profecias os acontecimentos que precederão o Juízo de Deus: “Depois, virá o fim, quando tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo império e toda potestade e força" (1Co 15.24). Esse momento parece coincidir com a visão joanina do Senhor assentado no grande Trono Branco “de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou Lugar para eles” (Ap 20.11). De acordo com a Declaração de Fé das Assembleias de Deus, “quando for instalado o juízo do Grande Trono Branco, o Céu e a Terra deixarão de existir. A Terra, contaminada pelo pecado, não resistirá ao esplendor da presença de Deus; o universo físico não se susterá diante da pureza, santidade e glória daquele que está assentado sobre o trono”.
2- A Nova Jerusalém.
A Nova Jerusalém é o lar eterno e destino final dos salvos. Ela já existia no céu (Gl 4.26; Fl 3.20); é a cidade que Abraão anelou, cujo arquiteto e edificador é Deus (Hb 11.10,13,16). Deus prometeu que habitaria com os homens e eles seriam o povo de Deus, e o Pai Celeste estaria com eles para sempre (Ap 21.3).
Nesta cidade, não haverá templo, pois seu templo é o próprio Senhor. Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro (Ap 21.22). O seu material é constituído de pedras preciosas; nas doze portas da cidade estão os nomes das doze tribos de Israel; e em seus fundamentos os nomes dos doze apóstolos. A adoração será perpetuamente e os salvos desfrutarão de paz e alegria eternas.
Nas cartas endereçadas às sete igrejas da Ásia, o Senhor Jesus faz menção a várias recompensas que existirão na Nova Jerusalém: comer da árvore da vida no Paraíso de Deus, alimentar-se do maná escondido, receber uma pedra branca com o novo nome escrito, vestimentas brancas, sentar-se com Jesus em seu trono etc. No entanto, esses privilégios só serão concedidos aos que vencerem (Ap 2 7.17; 3.21).
III - A ALMA É IMORTAL E A VIDA NÃO CESSA
1- Sofrendo para sempre.
Há duas doutrinas bastante prejudiciais à fé cristã, as quais são veementemente refutadas nas Escrituras: o Universalismo e o Aniquilacionismo. A primeira acredita que todas as pessoas serão salvas, inclusive Satanás. A segunda, em Linhas gerais, ensina que a alma é mortal e, por essa ótica, a vida cessará para os que forem lançados no Lago o de Fogo. As Escrituras nos levam por um caminho bastante diferente. Em Mateus 25.41 Jesus menciona "fogo eterno” e, mais adiante arremata: "E irão estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna" (Mt 25.46).
Em Apocalipse 20.10 diz: "E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre". Ora, o Diabo foi lançado — pelo menos mil anos após o Anticristo e o Falso Profeta, no Lago de Fogo e, mesmo depois de tanto tempo, os que inauguraram o Lago de Fogo não foram consumidos! Certamente não o serão nunca! Assim sendo, o aniquilacionismo não possui respaldo bíblico. O restante do versículo fulmina a possibilidade de o universalismo ser uma doutrina verdadeira — a Trindade Satânica será atormentada para todo o sempre.
2- Uma relação mais profunda.
Uma promessa maravilhosa das Escrituras está em 1 João 3.2:"[...] sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos." Agora, na ilha de Patmos, João recebe a confirmação: “E verão o seu rosto, e nas suas testas estará o seu nome" (Ap 22.4). A primeira expressão diz respeito à possibilidade de uma adoração ilimitada, cheia de alegria, pois, ao vermos a face do Senhor Jesus, desfrutaremos do impacto total de sua glória, anelo não atendido a Moisés em vida, o qual somente teve um lampejo dessa glória no Monte da Transfiguração.
A segunda parte do versículo vai mais além e revela a quem pertenceremos para sempre, o que acarretará que teremos em nós o resplendor da sua glória, a expressa imagem da sua pessoa (Ef 413: Hb 1.3). Semelhante ao Senhor, seremos perfeitos em justiça e santidade. Com essa promessa, vê-se claramente cumprido o desígnio eterno de Deus manifesto em 2 Coríntios 3.18! A vida nunca cessará, seja no Céu, ou no Lago de Fogo — "onde o bicho não morre e o fogo não apaga" (Mc 9.44.46,48)!